Carência Afetiva

Creio que poucos podem dizer que nunca sentiram carência afetiva. Sentir falta de um abraço, uma palavra de carinho, um apoio do chefe faz parte da condição humana. O sofrimento surge quando não percebemos a possibilidade desse contato caloroso com outras pessoas. Este é o momento de questionar-se: Será que você não tem pessoas calorosas por perto ou será que elas até estão por perto mas você as está afastando?

A psicologia está intimamente envolvida em tudo o que você faz, nas coisas que você fala, nos lugares aonde você vai, nas decisões que você toma. Um programa sobre esportes por exemplo, sempre menciona a influencia do aspecto psicológico sobre desempenho do atleta, se ele teve problemas pessoais naquela semana, com certeza seu desempenho será afetado. O desempenho de cada um de nós, na vida, depende do nosso estado mental. A forma como a pessoa se sente, se está motivada, se está desanimada e se recebe calor humano tem uma influência enorme nos resultados da vida. Se consegue passar no concurso, se constrói um relacionamento amoroso bacana, se consegue um desempenho legal no trabalho é porque antes conseguiu estar psicologicamente equilibrada e, para este equilíbrio ser completo é necessário a troca carinhosa com pessoas que você admira e quer bem.  Carência emocionalTem gente que vai pra festa e se diverte e, outros passam a mesma festa de mau humor. Tem gente que vai segunda feira de manhã para trabalho no melhor animo e outros vão arrastados. Por quê alguns vivem carentes, parece que nada o completa? Porque as necessidades psicológicas de uns estão sendo satisfeitas e de outros não.     O é necessidade psicológica?A definição da palavra necessidade é: “ qualquer condição que seja essencial á vida de forma que a satisfação dessa necessidade produza bem estar, e a não realização causa danos”. Portanto satisfazer suas necessidades psicológicas é obrigatório para manter a saúde mental.

Quais são as necessidades psicológicas?

São basicamente três:

Autonomia – Todo mundo precisa sentir que pode decidir o rumo da sua vida

Competência – Se refere à percepção de ter capacidade para realizar coisas.

Relacionamentos – O ser humano não nasceu pra viver só, o ser humano foi feito pra viver com outras pessoas.

Satisfazendo estas três áreas você está apto a uma vida plena. Quando você tem essas necessidades psicológicas satisfeitas passa a ter disposição e envolvimento com a vida. Percebe que quando você está em depressão ou com sintomas de ansiedade, você não tem uma real sensação de envolvimento com a vida? Com depressão você acha que nada bom poderá acontecer, com ansiedade você sente medo, apreensão sente que na vida só lhe oferecerá coisas ruins.

Autonomia

Diante de uma situação de decisão queremos ter opções. Ninguém quer casar com o primeiro que apareceu, quer conhecer pessoas. Ninguém quer trabalhar naquilo que foi imposto, quer saber qual a sua vocação. É natural do ser humano, todo mundo nasce com a necessidade de autonomia, de decidir o que fazer, quando fazer, como fazer e quando parar de fazer. Quando alguém abre mão da autonomia é porque não está bem psicologicamente, algo não está funcionando de forma saudável, esta pessoa está se sentindo coagida, está em sofrimento psicológico. A pessoa dependente, que precisa que os outros lhe digam o que fazer, nunca será realmente feliz. Com a necessidade de autonomia satisfeita você pode se sentir motivado, sentir curiosidade pela vida, ter o desejo de superar desafios e perceber que desafios são muito interessantes.

Competência

Todo mundo precisa se sentir competente, pois é a necessidade de competência que te motiva a buscar coisas boas, é o que te motiva a se esforçar, a dominar os seus desafios. Desafios fazem parte da vida, ainda bem, senão seria tudo muito chato. O problema aparece quando você não se sente capaz de enfrentar os desafios da sua vida, é quando você não se sente competente pra vida. Isso é péssimo porque sua necessidade psicológica de competência não está sendo satisfeita. Ter problemas, dificuldades na vida, não é a pior parte, pois problemas todos nós temos, a pior parte é você não se sentir capaz de superar estes problemas. A referencia que as pessoas precisam ter para se perceberem como competentes é a seguinte: Quando você mesmo analisa o resultado do seu esforço ou quando os outros te dão essa o feedback, alguém lhe diz que aquele seu projeto está bem feito. Comparações são fontes de referências. Você tanto pode se comparar com você mesmo, como pode se comparar com os outros. Ao se comparar com você mesmo você percebe que hoje você está melhor, ou pior, do que já foi no passado. Mas ao se comparar com os outros você acaba com grandes chances de se ver como perdedor, ou com culpas por precisar que o outro esteja em pior situação que você para que você se sinta bem. Então para você potencializar sua percepção de competência o ideal é que você mesmo verifique o resultado do seu esforço.  Não deixe para que os outros lhe avaliem. Se compare sempre com você mesmo, analise o seu crescimento, veja o quanto hoje você está melhor que ontem, nunca se compare com os outros.

Relacionamentos

A última necessidade é a de relacionamentos. Ninguém nasce para viver sozinho.  Todo mundo precisa de amigos, de relações calorosas e afetuosas, de relacionamentos amorosos, de uma família que apóia.  É natural do ser humano o desejo de estar emocionalmente conectado e, quando essa necessidade não é satisfeita vem o sofrimento psicológico. Para superar a dificuldade em relacionamentos eu aplico um protocolo clínico que se chama “ Treino em Habilidades sociais”.  Muitas pessoas perderam ou nunca tiveram habilidade para ter relacionamentos interessantes. Muitos só conseguem ter o que a gente chama de “relacionamento de troca”, que é o relacionamento que se tem com os “conhecidos”.  Com os amigos de verdade o relacionamento é de comunhão e não de troca. Na comunhão você sente que o outro realmente se importa com você,  se interessa pelo seu bem estar. Nas relações de troca há o “Bom dia” formal, frio, sem interesse sincero pelo bem estar do outro. Este é o relacionamento que temos com o balconista da padaria, com quem você  troca dinheiro por produto mas, não se envolve com a pessoa.