Ciúmes

Ciúmes é como tudo na vida, se tiver pouco faz falta, se tiver demais “transborda”. Um pouquinho de ciúmes significa que você valoriza a outra pessoa, que ela é importante em sua vida. Ciúmes demais é desrespeitoso e não e legal…temos que descobrir se seu ciúme e normal ou patológico, ou seja excessivo. Você percebe que entrou no nível de ciúmes ¨exagerado ¨, ou seja, patológico, quando, por exemplo, perde tempo em seu trabalho querendo saber por onde anda e o que sua cara metade está fazendo. Ligar para monitorar os passos dela, tal qual um detetive. Perder o sono por ciúmes, acordar no meio da noite pensando “o que será que ela está fazendo?”

Ficar nervoso quando não a localiza. tudo isso é ciúme patológico. O ciúme é patológico, ou seja, doentio, quando a sua rotina é modificada por conta desse ciúme. Quando não há provas concretas para tal desconfiança, não há indícios de que você pode estar sendo traído e ainda assim você sofre com a possibilidade de ser traído é o indicio de que você será beneficiado com a ajuda de um psicólogo. O normal é transitório, a pessoa tem uma sensação de ciúmes hoje, mas não fica com a ideia fixa a semana toda. O ciúme normal passa. O ciúme normal é específico, ou seja, a pessoa sente ciúmes de uma situação específica, e não de toda e qualquer situação.

Exemplo: sentir ciúmes de uma pessoa, ou de um lugar onde o outro vá, e não de todo e qualquer lugar. O ciúmes normal é baseado em fatos reais. Ou seja, a pessoa tem ciúmes quando acontece alguma coisa concreta, como um telefonema, ou um presente que o outro tenha recebido, algum indicio real de que algo possa estar “roubando” a pessoa amada. No ciúmes normal o maior desejo é de preservar o relacionamento. A pessoa quer ficar bem com o outro. Por outro lado o ciúmes patológico é quando as preocupações são infundadas, são absurdas, exemplo: você liga ,e ele não atendeu o telefone. Pronto! Já será o suficiente para passar a tarde se “mordendo” de ciúme.

Veja se você tem necessidade de ter controle total sobre os sentimentos e comportamentos do seu amado?. Sofre com isso? Se você respondeu sim para uma dessas perguntas é provável que você seja um ciumento patológico. Ter ciúmes de uma forma equilibrada é normal. Mas 10% da população percebe que tem problema no relacionamento e sofre demais por causa de ciúmes exagerado. Enfim, se você está dizendo coisas do tipo: “Você se maquiou hoje porque vai encontrar com outro, ou “Você chegou atrasada porque estava com o outro”. Esse tipo de frase é um belo indicador do quanto o ciúmes está patológico, fora de controle e causando sofrimento. O ciúme patológico é um dos sintomas que podem estar associados ao TOC, uma vez que a pessoa que enfrenta a situação de ciúme excessivo, passa a ter pensamentos repetitivos e intenso sobre o outro, numa tentativa de descobrir, controlar e prever o comportamento do parceiro já que sente a todo momento que está sendo enganado, traído e rejeitado. O ciúme doentio ou ciúme patológico é um distúrbio que acomete homens e mulheres, tem cunho doentio, pois compromete todo o funcionamento da pessoa e absorve toda sua energia, levando a um desgaste psicológico, crise de ansiedade ou depressão.

A relação entre o ciúme e a doença do TOC já foi descrita muitas vezes na literatura e estas características são percebidas em todas as sociedades e culturas. O que provoca ciúmes? O seu pensamento, a sua interpretação de que o relacionamento está ameaçado quanto à estabilidade ou quanto à qualidade. Ou seja, ciúmes aparece quando você acredita que seu relacionamento foi abalado e corre risco de terminar. Percebeu? Ciúmes é como você “interpreta” a situação, não necessariamente se refere à fatos concretos. Percebemos que o ciúmes está exagerado quando a pessoa começa com comportamentos, digamos assim, ridículos .A pessoa passa a ter comportamentos compulsivos, ou seja, ela não consegue se segurar, parece que é mais forte do que ela e passa a abrir correspondência do outro, ouvir telefonemas, olhar os bolsos, carteira, confere recibos. O sofrimento causado pelo ciúme patológico ou ciúme doentio é uma situação não desejável a qualquer pessoa.

Os relacionamentos afetivos muitas vezes são construídos de forma pouco sustentável, uma vez que as pessoas atualmente têm medo de se comprometer e quando o fazem querem ter garantias de que nada ocorrerá para desmoronar o investimento que dedicou a esta relação. O ciúme nasce e se sustenta da dificuldade e da insegurança que se auto sustenta numa relação prejudicada, quer seja por fatos reais que desencadearam a desconfiança, quer seja por pensamentos de insegurança que invadem a mente e que nos faz perceber sempre o lado negativo de uma situação. Uma das formas de combater estes pensamentos ou de se fortalecer para identificar as reais razões para o ciúme está no fato conhecer-se a si mesmo e de refletir sobre seu auto conceito, sua auto imagem e sua auto estima.

Para Corona (2001) o auto conceito parte da ideia do “Eu” com uma conscientização primária na vida do indivíduo. A tomada de consciência do “Eu” se constitui no ponto de partida para a estruturação do auto conceito. Faz parte desta estruturação a imagem corporal, da qual está intimamente ligado o desejo de ser aprovado pelo ambiente externo. As opiniões que os outros formulam a respeito do “Eu” de cada indivíduo representam forças poderosas que corroboram na modelação exata dessa estrutura. Ou seja, todo indivíduo é capaz de formar seu auto conceito, o auto conceito se molda à medida que novas experiências são incorporadas, assim como as vivências cotidianas provocam um ajustamento contínuo, incessante, ligado às experiências e vivências com outros “Eus”.

O auto conceito, segundo Castro (1999), é constituído a partir da percepção que o indivíduo possui de si mesmo, de seus sentimentos e atitudes experienciados no meio social em que está inserido. É também estabelecido de acordo com as atribuições determinadas pela sociedade e aceitas pelo sujeito.